21 agosto 2004

circadian rhythm

num dia em que 90% das pessoas com quem costumo falar não estão online [coincidência?], i shall blog. and blog about boring stuff i shall.
let it begin.

ontem precisei de ir ao posto médico [não, não estou a morrer] e fui atendida de um modo deveras sui generis. quer dizer, sui generis não, mas um bocadinho estranho [qual é a diferença?, perguntam vocês. isto é, para além da que há entre 'deveras' e 'um bocadinho'].
entrei eu no consultório, radiante em toda a minha simpatia [ou então não] e disse boa noite ao senhor doutor. o senhor doutor não disse nada. acho isto um bocado estranho... ao menos é boa educação. oO
ópois quase me fazia um diagnóstico errado. já me queria convencer de que eu tinha herpes labial --; [e eu "wtf?"]. não fosse eu ser chatinha e obsessivazinha e explicar-lhe os pormenores todos do meu ailment [oh sim, estou a morrer] e o hombre já me dava uma sentença para a vida.
depois o senhor doutor foi chamar uma colega para saber a opinião dela [which is fine by me, im glad he wants to be sure, melhor pra mim] mas não me disse nada antes de a chamar nem depois de ela entrar ^^; oh amigos, então isto é assim, trata-se as pessoas como mercadoria? então e a privacidadezinha, ein, e se eu não quisesse...? "ora abra aí a boca". ai a minha vidinha. se soubessem alguma coisa de psicologia [ou tivessem um dedinho de senso-comum] isto já não acontecia.
depois ainda veio a correr atrás de mim a chamar-me pelo nome para dizer como é que se chamava a minha afecção bucal, ali no meio da sala de espera. para toda a gente ouvir. não era nada de especial, mas e se fosse? "oh shô silva, você tem um cancro, é isso que você tem!", "isso é gonorreia, dona maria!". eu só me ria.
para além disso, o senhor parecia não estar muito certo do que fazia. oO no entanto, he took his time, não apressou a consulta, ao contrário do que costuma acontecer, which was nice. ^^

outro assunto. este ano apercebi-me de que vou ter de andar apresentável. isto aconteceu praí há dois dias quando andava a ver roupa nas lojas [só ver por ver] e me dei conta de que já vou estagiar para o ano. para além de me borrar de medo, isto implica que vou mudar de contexto, que vou andar num sítio sério. não é que o ispa não seja um sítio sério, mas é uma escola, pode-se andar de ténis. e de calças de ganga. e de roupa folclórica e pirosa. e do que quisermos, nobody cares. mas agora vamos para um sítio [que permanecerá identificado como "um sítio", porque, essencialmente, ainda ninguém sabe para onde vai] onde esperam de nós que andemos como deve ser. e muito bem.
para além do facto de terem de nos respeitar. podia-se especular muito sobre como o hábito não faz o monge e como isto é de certa maneira um handicap que nos põem em cima, mas o facto é que eu concordo. não sei se fui brainwashed pela isabel leal [dani ;) ], mas faz-me sentido que nos estiquemos este ano para chegar lá acima. somos um bando de putos, é o que nós somos. um bando de putos que podem dizer uma quantidade impressionante de barbaridades [e coisas inteligentes] sobre conceitos abstractos e que gosta de trabalhar com coisas que não se vê, mas um bando de putos ao olho nú, e é por esse valor que nos tomam. por isso, temos de ser nós a tomar rédeas à coisa. isso passa pelo nosso aspecto. ainda não chega sermos jovens, sermos inexperientes, como ainda temos ar disso mesmo. as pessoas que vamos atender vão ser maioritariamente mais velhas que nós [em princípio]: medo.
uma colega minha [que é um bocadinho obsessiva] começou a tratar disso já este ano e, ainda estávamos em aulas, já ela andava a comprar roupa nova. a conversa delas era sobre como é que vamos fazer o que sabemos que temos de fazer e ainda assim mantermo-nos true to ourselves. basicamente, sentirmo-nos confortáveis na nossa pele. surpreendentemente, não me perturba por aí além a ideia de ter de andar de fatinho e salto alto, mas dá-me a ideia de uma vida dupla. dei por mim a pensar "mas ao fim de semana posso andar de ténis e com a minha roupa :D", mas... it doesnt seem right to me. we have been told to not overdo it, we still are as old/young as we are, mas parece que é usar uma máscara. que analogia da treta oO. acho que do que tenho mesmo medo é de dar o ar de uma confiança que não tenho, de dar às pessoas uma segurança com a qual não podem realmente contar. no entanto, elas precisam dela. que dilema. vou estar a tremer nas minhas pernas psicológicas [se não as verdadeiras também] que nem varas verdes. o único consolo que consigo arranjar é que todos passaram por isto e ninguém sabe tudo.

e como eu sei que vocês entram em êxtase quando eu falo das minhas coisas escolares, vou continuar. não sei o que é que hei-de escolher para os temas aprofundados [uma cadeira do ano que vem], há tantos interessantes [por diferentes razões]. já fiz uma selecção e assinalei os seguintes: [ah, que interessados que vocês estão em saber isto! xD]
- Saúde Mental
- Perturbações da comunicação, do pensamento e da linguagem
- Psicologia clínica e técnicas expressivas [whatever that is]
- Psicopatologia clínica do adulto
- Treino de competências emocionais [wow, um tema de social]
- Psiconeuroendocrinologia
enfim, ai a minha vidinha.

"For God's sake, Sarah, what's wrong with fastening your seatbelt?"
"They always go to one restaurant, the one their grandparents went to before them, and even there they have to rearrange the silver and set things up so they're sitting around the table the same way they sit at home. They dither and deliberate, can't so much as close a curtain without this group discussion back and forth, to and fro, all the pros and cons. 'Well if we leave it open it will be so hot but if we close it it things will get musty...' They have to have their six glasses of water every day. Their precious baked potatoes every night. They don't believe in ballpoint pens or electric typewriters or automatic transmissions. They don't believe in hello and good-bye."
"Hello? Good-bye?" Macon said.
"Just watch yourself some time! People walk in and you, oh, register it with your eyes; people leave and you just look away quickly. You don't admit to comings and goings. (...)"

--z--


He sat down on a bench. A southbound train was announced and half the crowd went off to catch it, followed by the inevitable breathless, disheveled woman galloping through some time later with far too many bags and parcels. Arriving passengers began to straggle up the stairs. They wore the dazed expressions of people who had been elsewhere till just this instant. A woman was greeted by a man holding a baby; he kissed her and passed her the baby at once, as if it were a package he'd been finding unusually heavy. A young girl in jeans, reaching the top of the stairs, caught sight of another girl in jeans and threw her arms around her and started crying. Macon watched, pretending not to, inventing explanations. (She was home for their mother's funeral? Her elopement hadn't worked out?)

--z--


It occurred to him (not for the first time) that the world was divided sharply down the middle: some lived careful lives and some lived careless lives, and everything that happened could be explained by the difference between them.

--z--


When Macon was small, he used to worry that his mother was teaching him the wrong names for things. "They call this corduroy," she'd said, buttoning his new coat, and he had thought, But do they really? Funny word, in fact, corduroy. Very suspicious. How could he be sure that other people weren't speaking a whole different language out there? [He'd examined his mother distrustfully - her foolish fluff of curls and her flickery, unsteady eyes.]

from The Accidental Tourist, gentilmente ofertado as a birthday gift pelo Daniel.


e agora acho que vou morrer de tédio.


mood: thought, interrupted

1 comentário:

Anónimo disse...

that's alot of bloggin :o

[school stuff :D]

*

-brain