12 março 2006

he [actually] did it.

Agapito & Batata apresentam…

Pau de retrosaria: A fase do desenvolvimento psicossexual não explicada por Freud ou como aprendemos a medir as consequências

Neste artigo, os autores, Agapito & Batata (não, não somos um duo de palhaços… ) tentarão dar aplicação teórica ao seu fascínio de infância pelo pau de retrosaria, essa ferramenta ancestral que constitui uma reificação subliminarmente elaborada pelo superego para dotar a psyche humana de um artefacto avaliador e preventor das consequências da aplicação desmesurada das suas pulsões mais animalescas (tipo pulga doida a emanar bombicol, se é que nos estamos a não fazer entender, haha)

Tudo começou há muitos anos, quando os artífices deste monumental artigo de referência para a Psicologia moderna nem se conheciam ou sequer supunham a existência um do outro. No entanto, algo os unia para além do fado de terem que desaguar num curso de Psicologia: viveram, por breves momentos, um fascínio quiçá deveras intrigante pelo pau de retrosaria.

O pau de retrosaria (Molin, 1987) destinava-se a medir o tecido (não o empresarial mas o outro) a fim de obter a real (ou desejada, da parte do comerciante) dimensão pretendida pelo cliente, dimensão essa que posteriormente era convertida em importância pecuniária a ser saldada por este último.

Muitos anos se passaram e a frequência das suas formações académicas, junto com a adequada exploração dos meandros da vida, tão bem documentada nos saberes e ditados populares, fizeram aos autores notar uma assinalável congruência num facto que o leitor deste artigo decerto já constatou: havia a premente, ardente e urgente necessidade de criar uma quinta fase adicional no desenvolvimento psicossexual do ser humano.

Relembrando a referida teoria, Sigmund Freud estipulou quatro (apenas, coitado) fases do desenvolvimento sexual:

* Fase oral
* Fase anal
* Fase fálica
* Fase de latência
* Fase genital (aka fase da doideira desenfreada, muahahahaha)


E… é justamente aqui que a porca torce o rabo. Porquê passar da latência para a acne e dai para os quatro-shots-e-duas-quecas? Freud, justamente ele, tentou chegar a uma fase pré-genital, como vemos neste excerto:


Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.

Sigmund Freud, in ‘As Palavras de Freud’

Estava tudo aqui. Faltava algo, um ínfimo elemento métrico, capaz de metaforizar a necessidade que, em teoria, os jovens adultos sentem em ter um utensílio interno que os permita avaliar a intensidade e consequências dos seus devaneios hormonais, uma bitola, um dinamómetro, uma balança digital, um GPS-device. Os autores podiam enveredar pela linha high-tech e denominar esta fase com um gadget qualquer… mas não, foram mais longe e buscaram nos confins das suas infâncias a seguinte equação, computada com o recurso ao seu mais recente software de análise psicodinâmica, o Fr3ud2006:


$pau_de_retrosaria
If interest in “pau de retrosaria” = true
And
If “quando o pau vai e vem folgam as costas” is in category= common
sense”

Then

“Pau” is “true” and “common sense”

$folga_ou_latência
If “folgam” is semantically_similar to “folga” then
“folga” is as if in “latência”


If $ pau_de_retrosaria = true and $folga_ou_latência = true

Then

Add Phase to “Psychodynaic Development of Human Being”

Order phase next to $folga_ou_latência

Name Phase based on $pau_de_retrosaria


E eis que os autores conceptualizam assim a “Fase pau de retrosaria”, caracterizada por uma medição das consequências do “esticar o pano” em demasia, ou em insistir em andar sempre atinadinho com a fralda da camisa para dentro. Com a recente conceptualização teórica, os autores esperam assim oferecer um suporte empiricamente inconsistente, é certo, mas que com um bocadinho de boa vontade até servia para alguma coisa… quanto mais não seja, para o pessoal se rir.

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