09 setembro 2006

que freakalhada.

ok. estava com curiosidade sobre o que é afinal a cientologia, até porque tinha ouvido umas coisas esquisitas, e fui procurar.
procurei nalgumas páginas até que fui parar à wikipedia, onde de facto têm muita informação.
entre outras coisas, encontrei o seguinte:


Silent birth and infant care

Hubbard [fundador da cientologia] stated that the delivery room should be as silent as possible during birth. This stems from his belief that birth is a trauma that may induce engrams into the baby. Hubbard asserted that words in particular should be avoided because any words used during birth might be reassociated by an adult later on in life with their earlier traumatic birth experience. Hubbard also wrote that the mother should use "as little anaesthetic as possible". According to Hubbard, babies should not be bathed after birth.

Hubbard also wrote that breastfeeding should be avoided. Hubbard compared replacement formulas circa the mid-1950s, which he described as "mixed milk powder, glucose and water, total carbohydrate", with what he considered the "skim breast milk from ... overworked mother[s]" that "smoke and sometimes drink"; as an alternative to commercial products, Hubbard offered what he called the "Barley Formula", made from barley water, homogenized milk, and corn syrup or honey. Hubbard claims that "I picked it up in Roman days." He crafted the barley formula to, in his words, provide "a heavy percentage of protein".


ora bem. pondo de parte a freakalhada que isto é instintivamente, analisemos. vamos por ordem, que é mais fácil.
é verdade que nem de todas as memórias nos lembramos. especialmente as afectivas. mas antes de sequer podermos funcionar assim, há um período da nossa vida em que ainda não conseguimos propriamente pensar. temos muito tempo para lá chegar. o cérebro é novinho, nós somos bebés, o sistema nervoso ainda está em modo 'aguenta-aí-os-cavais' [o sistema nervoso é alentejano, não tem pressa, não sabiam?] e as obras ainda não acabaram, pelo que as coisas ainda são relativamente simples. acho que haverá, na melhor das hipóteses, uma lógica de associação causa-efeito entre as coisas que nos faz aprender sem que nos apercebamos disso. tipo "olha, eu choro e ela vem com o biberão. fixe, era mesmo isto que eu queria. da próxima hei-de fazer o mesmo.".

bom. mas voltando à vaca fria, que já me perdia. é verdade que basicamente no início da nossa vida cá fora nós não temos - por factores fisiológicos - capacidade de processar a informação, por isso se nos acontecer qualquer coisa terrivelmente terrível nunca nos vamos lembrar disso. mas a marca que vai ficar é afectiva. é como se fosse uma emoção que não deixa de existir mas não sabe qual a sua raiz. a falta de capacidade de simbolização/representação mental - que é essencialmente aquilo que nos permite pensar - faz com que não seja possível 'pegar' no acontecimento ligado a essa vivência emocional e trabalhá-lo, seja para o bem ou para o mal [como seja gerar uma depressão, por exemplo].

isto tudo para dizer que até acredito que sim senhor o nascimento possa ser uma experiência violenta para o bebé, mas não creio que seja traumática no sentido de provocar uma ferida com que a criança não seja capaz de lidar. detesto ser básica, mas se fosse assim tão mau acho que a natureza nos tinha arranjado uma melhor maneira de começar a vida, já que ela gosta que a gente viva e se reproduza e o diabo a sete. em particular quanto ao que o cientologista diz, acho muito egocêntrico achar que as palavrinhas [eventualmente os palavrões] que a mãe gritar durante o parto vão ficar eternamente ligadas na mente da criancinha à altura em que nasceu e as ouviu [já nem falo em compreender - mas dou a abébia de que ninguém gosta de ouvir gritar, nem que seja em checo-turco], não podendo em qualquer altura da vida associá-las a qualquer outra pessoa ou circunstância que não a sua toda-poderosa mãezinha. por outro lado [e contrastando], é ter muito pouca fé nas nossas [dele] capacidades parentais acreditar que nada que façamos possa ajudar a nossa criancinha a ultrapassar uma situação difícil, a começar logo à nascença. que fará quando o miúdo tiver acne, valha-me deus. é, na prática, passar um atestado de incompetência afectiva e interpessoal aos pais.

em segundo lugar, e porque a conversa já vai longa, não tem pés nem cabeça a história do leite.
para além dos dados científicos [sim senhora, sempre passíveis de refutação] segundo os quais o leite materno é bom e saudável para o bebé - para além da experiência fulcral de vinculação que permite entre a mãe e o bebé - , é uma tontice dizer que o leite materno é mau porque o leite artificial é nutritivamente melhor. talvez o facto de se ter usado leite de mães FATIGADAS, FUMADORAS e que CONSOMEM ÁLCOOL enquanto amamentam ajude a explicar a coisa. primeiro porque qualquer estudo que se queira dizer científico tem de fazer controlo das variáveis - normalmente com aquilo a que se chama... xaran, grupo DE CONTROLO - e depois porque talvez o próprio facto de essas mesmas mães estarem stressadas e terem nicotina, alcatrão e álcool no sistema não contribua para potenciar a capacidade nutritiva do leite que produzem. em terceiro lugar e por fim, talvez o facto de pessoas que têm a seu cuidado um bebé e ainda por cima o estão a aleitar terem esse tipo de comportamentos irresponsáveis diga algo sobre a sua personalidade ou pelo menos o seu estado mental na altura e, como tal, não sejam em geral o tipo de mães [ou pais, é indiferente] que todos desejaríamos para nós. provavelmente - e isto é uma especulação - no futuro não serão tão cuidadosas, atenciosas ou simpáticas como deviam (e atenção que eu não falei em ser-se perfeito.).

isto era para ficar divertido, mas não ficou.


gostava de referir que a sofia me advertiu, a propósito de eu ir fazer este post:

(S)sofia(*) says:
AXO K OS ALIENS IRÃO INTERCEPTAR VIOLENTAMENTE O TEU BLOG
(S)sofia(*) says:
SO ESTAS A FAZER ISSO PK É O K ELES KEREM
(S)sofia(*) says:
lembra te disse!!!
(S)sofia(*) says:
Cruise, Tom 2005



obrigada e boa noite.

1 comentário:

bluesboy disse...

Bando de afectados pá!

Cientologia my ass! Se nascer é um trauma e tem que estar tudo caladinho, o que é que essa malta não fará no resto da vida para não se traumatizar... era tudo mandado ao Tejo, é o que é!