e eu ainda digo que a minha vida é chata

imaginemos uma situação absolutamente hipotética.

imaginemos que hipoteticamente alguém estava a aspirar a sua hipotética casa. na sua hipotética sala, chega ao pé do parapeito da janela, que está ao pé da televisão, que está ligada. por exemplo, à mesma tomada que o aspirador e que oito outros electrodomésticos.

num esforço de brio, a hipotética pessoa decide que já é tempo de limpar a poeira que o vento traz sempre que abre a janela. aplica o acessório necessário ao aspirador e começa a aspirar. no parapeito da janela - a enfeitar e com valor afectivo - poderia estar uma hipotética planta oferecida por hipotético um casal de amigos da primeira vez que foram jantar à casa nova dessa pessoa. hipoteticamente, essa planta poderia não absorver bem a água com que era regada.

essa pessoa podia dar um encontrão no vaso ao limpar, o vaso podia cair para cima dela, ela podia não conseguir aguentar o vaso no braço, a pkanta podia partir-se ficando em estado mais miserável do que a condição de que já padecia desde que perdeu as flores e a água poderia começar a verter, sem pressas, pelo braço abaixo e para o chão. na direcção da tomada múltipla que estava em baixo. à qual estavam ligadas e a funcionar a televisão, o aspirador e uma outra série de electrodomésticos divertidos.

a azafamada fada do lar poderia então escolher correr a desligar a tomada, arrancar as fichas do aspirador e da televisão e rezar aos santinhos.

mas claro que estas coisas não acontecem.

gostava agora apenas de tirar um minuto para agradecer aos senhores do ikea o facto de desenharem as suas tomadas com umas membranazinhas de plástico sobre os buraquinhos para as quais até agora não tinha percebido a razão de existir no mundo. obrigada.