12 junho 2004

weird good things

não vos contei dos outros livros que comprei na feira do livro. voltei a lá ir, dessa vez para comprar prendas de aniversário - um que já tinha passado, uns que se aproximam, outros que ainda faltam uns meses - e acabei por comprar um livro também para mim, apesar de saber que não devia. fui à tenda dos pequenos editores só para ver como era [tinha lá estado uma vez, mas foi entrar e sair logo, porque o livro que queria estava à entrada, por acaso] e andava para lá a passear os olhos distraidamente quando me deparei com um canhenho que já me tinha chamado a atenção na fnac, por coincidência não há muito tempo. na altura não o comprei porque o achei muito caro, mas fiquei com a atenção presa. ora, na feira estava um bocadinho mais barato [se bem que continuo a achar que era caro, mas eu acho tendencialmente tudo caro] e eu tive de o trazer - não sem um sentimento de culpa por estar a gastar dinheiro que sabia que não devia.
tudo isto porque o título do livro era "o casal execrável | a bicicleta epiplética | a visita relembrada | o hóspede suspeito". a bicicleta epiplética deu cabo de mim. até porque da primeira vez li 'a bicicleta epiléptica' e parti-me a rir sozinha para dentro na fnac. sou filha do meu pai e não há remédio para isso. é um livro de bd, advirta-se, não é um livro "normal". bd não convencional, pois tem uma ilustração por página e por baixo a narrativa. eu não percebo nada de banda desenhada, mas parece-me que isto não é habitual.
de qualquer modo, folheei o dito e houve qualquer coisa que me fez gostar dele de imediato. não sei o quê nem quero saber [desconfio que estraga]. resumindo, foi isto que me fez trazê-lo para casa.
ontem pus-me a lê-lo e cada vez gosto mais daquilo, achei que devia partilhar. começa com uma pequena biografia do autor, que pelos visto era um real nut case. chama-se edward gorey [e isto não é nome artístico], diga-se. na badana [acho esta palavra estúpida, já agora] da capa diz às tantas:

...
c) Edward Gorey não é um autor de livros infantis, embora pensasse que as crianças eram muito capazes de apreciar os terrores inexplicáveis e a maliciosa comicidade das suas histórias.
d) Edward Gorey não foi misantropo nem sádico: vizinhos, amigos, colegas e parentes recordam com igual saudade o seu carácter expansivo e a sua generosidade. Quando o questionavam sobre a violência ou o crime nas suas obras, respondia: "Não sei, acho que é por me interessar pela vida real".


outras coisas boas: o livro é uma tradução. o original é em inglês. até agora, não tenho razão de queixa nenhuma, deve ser das melhores traduções que já vi. eu não leio muito, mas se tivermos em conta a quantidade de filmes traduzidos que passam por cá, penso que dará para ter uma noção do estado do ofício. se há coisa de que não gosto é de estar a ler uma coisa que sei que vinha noutra língua [preferencialmente o inglês, que é a língua estrangeira que domino melhor] e verificar que as frases estão correctas e fazem sentido mas que consigo reconverter tudo para o texto original. parece que põem português numa estrutura inglesa, é muito estranho. neste livrinho não. fluem com facilidade e não usam palavras que não são comuns no português corrente. jolly good job, srª margarida vale de gato :) [até a tradutora tem um nome engraçado ^^ ]. a editora chama-se Errata, já agora, o que também é uma coisa com estilo.

"(...) usou um dos seus vários pseudónimos (todos anagramas do seu próprio nome), Ogdred Weary, em The Curious Sofa, um livro cujo subtítulo rotula de 'pornográfico' e onde se pode ler a célebre frase: 'Mais tarde Gerald fez algo de terrível a Elsie com uma frigideira'. "
-- isto só pode ser bom!



por algum motivo, não consegui tirar uma fotografia decente da capa



conheceram-se no Centro de Apoio, numa sessão sobre as Perversidades do Sistema Decimal, e desde logo reconheceram a sua afinidade. -- in O Casal Execrável [the only one i've started so far]



se calhar pareço obcecada, mas não estou. estou só entusiasmada.


noutras notícias, hoje fui "às comprinhas". tenho umas calças e uma mala novas. yay. cute they both are.

nasceram gatinhos nas traseiras do meu prédio. andam pra lá aos saltinhos. tão giros que me dá vontade de comê-los.

esqueci-me de dizer uma coisa: no saco da loja onde comprei a mala, que apesar de ter coraçõezinhos até é giro, tem escrito: "We miss each other in different place. Endless miss-ing congulated to dedr and tinaslucent dewdrop". foi numa loja chinesa, mind you.



2 comentários:

inês disse...

gaja, vocês podem comentar sobre o que vos apetecer, haja alguém.
tás toda doida! sua maluca. depois tens de mostrar isso. tu tens um amigo chamado Robin? oO

Bogas disse...

Tenho que defender aqui os tradutores, visto que vou ser um. A maior parte das (horríveis)traduções que se vêem por aí NÃO são feitas por tradutores profissionais. O problema é que há a ideia generalizada que qualquer um consegue ser tradutor, desde que saiba meia dúzia de frases na língua estrangeira relevante. E daí termos traduções de merda... (é para poupar dinheiro, para quem ainda não percebeu)