04 maio 2006

a média europeia e os 3%

estava agora a ver a revolta dos pastéis e lá falaram da 'média europeia', uma vez que o tema é o choque tecnológico.
estava um indíduo que calculo que seja economista a dizer que o famoso choque tecnológico tem por grande objectivo tornar a economia portuguesa mais competitiva, porque estamos abaixo da média europeia.
ora, eu já estou farta de ouvir falar nisto. o que é exactamente a média europeia? antes de mais, como é calculada? uma vez que nós fazemos parte da 'europa' [pensei que sempre cá estivéssemos], entramos para esses cálculos. eu não sou particularmente versada em matemática, mas então estamos a ser comparados com uma média para a qual nós contribuímos? estamos abaixo de nós próprios? então afinal o nosso valor é o da média para que contribuímos ou é o nosso valor absoluto? não percebo a que se referem quando falam nisto.
mas partindo do princípio de que o que querem dizer é que estamos abaixo do valor médio atingido pelos outros países... e então? há-de sempre haver países mais altos e países mais baixos em determinados parâmetros [desejavelmente os melhores...]. estar abaixo não quer dizer que seja mau. há muito bom aluno que tem média inferior a 18. até a 16.
mas eu percebo que a intenção é boa. no entanto, acho que era mais importante preocuparmo-nos com as situações em si do que decretar que elas são negativas quando as contas não batem certo. parece que falam da média europeia como se fosse uma entidade concreta que vive e respira, e não me parece que seja. atrevo-me a dizer, correndo o risco de largar um grande disparate, que a média europeia não existe, somos nós que a fazemos.

e agora os 3%. andámos desalmariados e num reboliço enquanto não conseguimos corresponder à exigência da união europeia de não ter um défice económico [sejá lá isso o que fôr] superior a três-por-cento. lá conseguimos, por pouco, e ficámos todos contentes, porque já nos deixavam entrar.
mas as notícias que ouvimos todos os dias [todos os anos] é que o défice já não é abaixo dos 3 por cento por isto e por aquilo e que, conforme prevêem as normas, seremos penalizados [porquê não sei, pensava que o défice em si já era mau que chegue].
pensemos: já da primeira vez ficámos rentes à linha de água (...quase nos afogámos) e agora a sensação que dá é que todos os anos, quando chega a altura de fazer as contas, temos de fazer exercícios de ginástica e de imaginação que possam levar o resultado final a ser inferior a 3%. isto parece-vos bem? isto faz sentido? quanto a mim, não. não se trata de mais do que um exercício teórico de simulação e de fuga, até, que visa manter a situação periclitante de nos pormos em bicos de pés só para dizer que também conseguimos e que também fazemos parte.
tenho a sensação que desde o início os nossos políticos sabem que isto não dá - mas que tem que dar - e por alguma razão que eu desconheço insistem em fazer este bailarico. ora, na minha mui modesta opinião, não faz qualquer sentido estarmo-nos a pôr numa situação em que constantemente temos de fazer um esforço para atingir os mínimos - isso não quererá dizer que há mais trabalho a fazer? mal acomparado [e desculpem-me a comparação], isto parece os alunos que querem entrar no ensino superior só com a nota suficiente, mesmo que ela seja um 7. e depois, provavelmete, continuarão a fazer as frequências "só pra passar". pode parecer que não, mas não pretendo fazer aqui nenhum juízo de valor quanto à analogia que usei: simplesmente não compreendo porque insistimos em entrar de imediato numa situação que sabemos que não temos capacidade para suportar, quando talvez se esperássemos um pouco e fizéssemos mais investimento [e não me refiro só a dinheiro...] para dentro conseguíssemos estar confortáveis na margem que nos requerem. a mim parece-me birra de criança.


pronto, desabafei.

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