teorias da conspiração #678
eu: esta mulher irrita-me!
a minha mãe: [escandalizada] oh, porquê?
eu: acho-a falsa; fala por cima dos convidados, pergunta-lhes coisas e depois não lhes liga nenhuma, só fala do que lhe interessa, muda de assunto, quer fazer tudo à maneira dela e tem de ser da maneira dela...
a minha mãe: ah, não é nada, eu acho-a tão atenciosa, tão gentil...
onde é que eu quero chegar com isto: eu acho que a martha stewart é psicopata.
a senhora irrita-me profundamente desde a primeira vez. provoca-me reacções viscerais que não consigo controlar. há ali qualquer coisa que não bate certo. há ali qualquer coisa que não bate certo.
muito ponderada, muito segundo os preceitos, muito cuidadosa, muito rigorosa, muito ANAL, obsessiva, controladora e provavelmente com um narcisismo maior do que o recomendável, esta senhora para mim é uma mente criminosa.
atentem na fotografia:
tão composta, tão polida. tem uma legião de fãs que nunca mais acaba e eu não percebo porquê. no outro dia apercebi-me da quantidade de vezes que esta fada do lar utilizava a palavra 'perfeito' para descrever o objectivo que pretendia atingir com as complexíssimas tarefas domésticas em que às vezes se envolve, como sejam DOBRAR UMA T-SHIRT ou fazer uma OMELETE. por amor de deus. poupem-me. isto para mim não é mais do que frustrante.
mesmo que haja muita ciência em fazer uma omolete, quanto é que se pode dar cabo dela? por que raio é que a omolete tem de ser perfeita, ou pior, à maneira da martha stewart? ou aquela gente é uma cambada de cabeças ocas ou têm uma auto-estima muito muito baixa. muito muito.
voltando à minha opinião, eu acho que a senhora é uma cínica do pior e só não vê quem não quer, e é uma controladora irritante, que aparenta achar que a terra pára de girar se as coisas não forem feitas como ela acha e costuma fazer. isto tem nome.
só hoje à tarde me apercebi, a meio de outra cisa qualquer que estava a fazer [provavelmente ver o programa dela] que ela esteve recentemente presa por trafulhices na bolsa [insider trading, não sei em que consiste], obstrução à justiça e ter mentido aos investigadores. foi aí que tive a certeza de que a mulher é psicopata. já viram as donas de casa desesperadas? é parecido, só que para pior. às donas de casa desesperadas eu ainda consigo achar piada.
e agora, só por acaso...
[...] Mas existe uma versão machista da carreira histriónica: trata-se da psicopatia. Os psiquiatras agora chamam-lhe personalidade anti-social, mas este nome é um tanto aborrecido e pouco mediático. Psicopata é o nome que vem nos filmes e que lhe dá direito a tornar-se uma celebridade. (A propósito, é bom ter uma televisão no quarto para ir vendo os filmes que passam depois da meia noite). Aconselho-o a identificar-se com os heróis dos filmes de acção e a pensar que ser psicopata não é mau de todo.
Para ser psicopata, também tem de procurar experiências fora dos limites, baralhar a identidade e tramar a memória. No entanto costumam-se usar métodos mais radicais. Porque não ter vários nomes, incluindo um bilhete de identidade diferente para cada um? Porque não habituar-se aos disfarces, usando para isso cabelo e barba? Tem ao seu dispôr todos os recursos do histriónico, mas você vai precisar de muitos mais porque as suas aventuras têm de ir mais longe. O certo é que as raparigas conseguem ser melhores no teatro e manipular os outros com o desejo que provocam. Um rapaz não é tão bom nessa arte (embora possa tentar) e às vezes tem de se impôr pela provocação do medo. Tem de se habituar a esse atributo das hormonas masculinas que é a violência.
Como é que se vai habituar a isso? Bem, tem de começar muito cedo, aproveitando a idade em que todos os miúdos, sob a irrupção das hormonas, começam a transgredir e a fazer asneiras. Em geral, eles acabam por por parar com isso, quer porque os pais os travam, quer porque apanham alguns sustos, quer porque se apaixonam. Mas você, que optou por esta carreira, não vai ser travado por qualquer destes expedientes e vai continuar toda a vida a transgredir. Para isso, vai ter de sentir que o crime compensa. [...]
Aldrabe à vontade mas, se isso não chegar, organize uma briga que lhe permita cortar com os antigos amigos e impôr o respeito dos novos. Habitue-se entretanto a fugir de casa, mas não volte no mesmo dia. Volte apenas quando os seus pais já estiverem desesperados e, de filho caçula, o promoverão a filho pródigo. Tal como o htriónico, jogue com as amoções dos outros, mas leve-as ao extremo. À sedução, acrescente a atemorização.
[...] Utilize-se apenas dos outros para que satisfaçam os seus desejos, e largue-os a seguir. Se existir uma sombra de culpa, fica bloqueado na sua carreira. por isso, sempre que veja alguém a sofrer pense que ele é de outra espécie (aprenda a cultivar o racismo) e meta-se noutra ainda pior. Mesmo que alguém tenha de morrer, só a primeira vez é complicado, das outras habitue-se. Actue 10 vezes antes de pensar, dê largas aos seus impulsos e satisfaça sempre os seus apetites. Pode hiperventilar, pode beber, mas sobretudo embebede-se com novas aventuras, cada vez maiores, de modo que nunca o deixem pensar, a não ser para preparar a próxima. Os especialistas até têm um nome para isso: acting-out.
Pode passar, primeiro por casas de correcção, depois por prisões. São novas mudanças de ambiente, onde aprenderá muita coisa interessante, e novas oportunidades para grandes aventuras. Podem-lhe chamar mau, criminoso, ou mesmo psicopata. Mas, que fazer? O melhor é mesmo adaptar-se a isso e ver-se como os outros o vêem. Às vezes também pode sofrer com castigos ou lesões físicas. Tem de se habituar a isso, sempre pensando na que irá fazer a seguir, enquanto outros (talvez médicos) cuidam do seu corpo. Tomar a dor por conta do prazer que se segue, só multiplica o prazer. [...]
Arranje dinheiro, vá para um país onde existam fortes garantias fortes garantias das liberdades individuais, estude a lei e pague a um bom advogado, e terá a velhice garantida. Meta-se em negócios, na grande especulação financeira, e a própria lei sancionará a sua carreira. Se optar por isso, tem, pelo menos, a vantagem de nunca encarar, olhos nos olhos, as suas vítimas. Se, a conselho dos advogados, se envolver paralelamente em acções beneméritas, até pode vir a merecer uma estátua.
--como tornar-se doente mental, josé pio de abreu
não fui eu que disse.